Ser livre é importante pra você?

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Nossa percepção sobre a liberdade pode estar incompleta ou equivocada. Não estar detido em prisões de tijolo e cimento não necessariamente significa que você é/está livre. As formas de aprisionamento podem ser mais sutis e até virtuais, como por exemplo os vícios em aplicativos e redes sociais. A maioria das pessoas, jovens e adultos (e até crianças) não conseguem ficar mais do que 15 minutos sem conferir as atualizações em seus aparelhos, estão tão dependentes da aprovação ou curtidas de outras pessoas (completamente desconhecidas, na maioria das vezes) que ao invés de dedicar-se ao auto melhoramento real ficam distorcendo suas imagens virtuais através de filtros e photoshops…

Somos mais obsessivos que Narciso ao contemplar nossa própria imagem, e nem nos amamos tanto assim, quando nosso reflexo nos mostra as fraquezas e vulnerabilidades não sabemos lidar com isso, desejamos agradar a todos o tempo todo e isso nos deixa esgotados.

Estamos doentes emocionalmente mas lutamos para manter as aparências até que sentimos o hálito frio do Burnout e da desesperança. Enfrentamos inúmeras noites de insônia, ansiedade, crises de pânico e depressão. Infelizmente o caminho de volta ao estado de liberdade e equilíbrio emocional não é fácil, nem rápido. 

Ser livre é mais um estado mental e emocional do que social, isso gera muitas confusões e muitas vezes precisamos esclarecer os fatores que estão alinhados com a liberdade e a autonomia. O sentido da palavra “liberdade” pode ser muito mal utilizada, como por exemplo: liberdade de expressão (que não significa ofender os que pensam diferentes de nós), liberdade de ir e vir (não significa bloquear vias públicas para chamar atenção), liberdade política (não significa atirar e matar pessoas que não votam no mesmo candidato), liberdade sexual (não significa trair, ser promíscuo ou policiar as escolhas sexuais alheias), liberdade religiosa (não significa perseguir e destruir templos que cultuam divindades diferentes das suas), liberdade financeira (não significa gastar mais do que se ganha), liberdade profissional (não significa ter empregados trabalhando de forma análoga à escravos)… 

Para ser livre é preciso ser antes de mais nada responsável pelos resultados de nossos atos, você pode ser livre para escolher suas ações mas nunca das suas consequências. Liberdade também não significa fazer “só o que se gosta ou quer”, para ser livre temos que aceitar as coisas que não são tão gostosas de fazer mas que não podem ser separadas ou evitadas. Por exemplo, quando somos adolescentes somos tomados por rompantes de “independência/liberdade” e quase sempre ouvimos que enquanto não pagarmos o custo de nossa vida não existirá liberdade possível, não há independência real sem independência financeira. Ou seja, se sua meta é ser livre, comece pagando suas contas. Mesmo que com um trabalho que não o realize completamente, se seu objetivo é a liberdade, temos que alcançar minimamente nossa liberdade financeira. Depois de superada esta fase, podemos buscar a auto-realização, escolher como melhor gastar nosso tempo e investir na busca da excelência como ser humano. A compensação financeira pode não vir inicialmente de seu talento, mas pode criar uma base sólida para que ele se desenvolva. 

Sei que essa reflexão pode soar meio dura, mas meus anos de vida me mostraram que os sonhos também tem seu preço e se não estamos dispostos a criar os meios para bancá-los, dificilmente irão se realizar. 

Claro que sonhos nem sempre são “compráveis”, há sonhos que estão vinculados ao trabalho dedicado às causas nobres; ser feliz, generoso, compassivo e iluminado. Mas mesmo assim é preciso muito trabalho interno e longos períodos de dedicação para que se realizem. Dificilmente encontramos “patrocinadores” dispostos a realizar algo que é importante para nós. 

Temos que abrir o caminho por entre as pedras, onde não existe trilha ou pavimento, usualmente é esse o caminho que nossa alma nos leva. Se houver trilha ou caminho pode ter certeza que não é o “seu” caminho e sim de outra pessoa. Se continuar nele irá certamente se perder, mesmo que chegue ao final o seu sonho não estará ali, a opção será voltar (se houver tempo de vida) ou ficar em um local onde nada lhe fala ao coração, prisioneiro sem grades em uma vida artificial. Ah, como é difícil cultivar a liberdade!

Por isso sugiro que comece por se libertar de preconceitos, opiniões sem fundamento, crenças limitantes, materialismo sem fim, falta de empatia e ausência de espiritualidade. A vida fica muito mais leve quando não carregamos em nossa mente e coração crenças que só nos limitam e puxam para baixo. Siga leve, livre e de coração aberto às belezas da Vida! Gratidão é um sentimento libertador, cura muitas de nossas feridas e ainda pode abrir portas nas nuvens, por onde as bênçãos podem nos alcançar!

Mãos em prece,

Regina Proença

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