Os outros que não me interessam

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Os outros que não me interessam

A primavera está próxima, a chegada das flores alegra nossos olhos e corações. E como estamos precisando deste encantamento que a natureza nos presenteia. A vida tem sido tão desafiadora para o planeta e os seres que nele habitam. Tanta violência, crises ambientais, sociais e políticas se espalham em todos os cantos. Ninguém pode se considerar imune às consequências de nossa insensatez. Antagonismos, discursos preconceituosos, atitudes estúpidas estão em todas as esquinas, em nossas telas e nossas mentes. Mesmo quando nos indignamos com as injustiças, nem sempre agimos no sentido de impedi-las. Tendemos a ajudar e considerar as razões de “nosso” grupo, passamos indiferentes aos que estão fora de nossa pequena lista de preferidos. A caridade, respeito e apoio são restritos aos que nos interessam apenas. Se você não mora no morro, não se preocupa com quem lá vive. Se você não é homossexual, negro, indígena ou imigrante, não se ocupa em defendê-los ou acolhê-los em suas demandas. Insultos e preconceitos pipocam em postagens a todo momento.

Quando nos deparamos com exemplos como o de Madre Teresa de Calcutá, que dedicou sua vida e seu amor servindo aos doentes, pobres e rejeitados pela sociedade, nos sentimos um zero à esquerda. Se cada um dos seres que se dizem humanos tivessem 1% de sua bondade, o mundo estaria salvo. Uma pessoa boa basta para neutralizar o ódio e a indiferença de muitos. Talvez ache que uma pessoa só não basta, mas se olharmos a história, veremos que UM ser verdadeiramente bem-intencionado pode contagiar outros e assim um grupo se forma em prol do avanço de alguma causa. Temos exemplos conhecidos, como Santa Madre Teresa, Jesus, Buda, São Francisco de Assis e certamente temos muitos outros menos célebres, pessoas que se dedicam aos próximos sem fazer alarde ou postar nas mídias sociais.

O que mais vejo são ativistas, pacifistas, especialistas em política, justiça e/ou direitos humanos que nunca saíram de seus sofás; protegidos pelas telas de seus aparelhos, bradam contra todo tipo de situação que consideram incorretas, julgam e condenam com apenas um click.

Neste momento tão importante para o nosso país, quando escolheremos nossos futuros governantes, devemos deixar de lado os candidatos que pretendem usar o cargo para se beneficiar. Não vamos eleger políticos que estão sendo investigados ou que estão condenados, por mais que suas convicções possam ter se alinhado em algum momento com os ideais de alguns. Ficha limpa é o mínimo que devemos buscar em nossos políticos. Sejamos lúcidos neste momento! Temos que conversar sobre propostas que visam o bem de todos e não o de alguns. Somos todos irmãos e irmãs, juntos no mesmo barco. Se passarmos nosso tempo discutindo quem está ou não está certo e não tirarmos a água que invade pelos furos de nossas opiniões, afundaremos todos. Política não é futebol, onde os times se enfrentam e cada um torce apaixonadamente pelo seu e quer simplesmente ganhar o jogo, a qualquer custo ou à custa da perpetuação de quadrilhas de bandidos no poder. O melhor time é aquele que contempla o maior avanço e a inclusão do maior número de beneficiados, sem demagogia, sem usar seu poder contra os que ali o colocaram. Procurem conhecer as propostas dos que estejam preocupados em melhorar a Educação, Saúde e a preservação da natureza. Mas lembrem-se que a responsabilidade em verificar como o programa está sendo implementado é sua também, a sua parte ninguém poderá fazer por você. Não podemos esperar que o mundo mude sozinho, participação não apenas virtual é necessária! Temos que encarar o lodo se desejamos colher o lótus! Não seja ativista, seja atuante!

Mãos em prece.
Regina Proença

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