Pérgamo

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Visitamos a antiga cidade de Pérgamo, que está localizada a 26 quilômetros da costa do mar Egeu, em um promontório no lado norte do rio Caicos (atual Bakırçay) e a noroeste da moderna cidade de Bergama (hoje território da Turquia. Foi um dos mais importantes centros culturais,

comerciais e médicos do passado. Ali estão as ruínas de Asclepion, o famoso hospital do mundo antigo, dedicado ao deus da saúde, Esculápio. E também foi o local onde viveu o famoso médico, Galeno. Um dos mais renomados médicos da antiguidade e que cuidava da saúde dos Imperadores e gladiadores, inclusive do Imperador filósofo Marco Aurélio.

Durante o período helenístico, tornou-se a capital do Reino de Pérgamo sob a Dinastia atálida em 281−133 a.C., que a transformou em um dos principais centros culturais do mundo grego. Muitos restos de seus impressionantes monumentos ainda podem ser vistos, em especial a notável obra-prima que é o Altar de Pérgamo. Pérgamo é citada no livro do Apocalipse como uma das sete igrejas da Ásia. No local ainda existem os túneis de dormir, onde os pacientes aguardavam para realizar seus tratamentos e esperavam ter sonhos reveladores que ajudariam no diagnóstico de suas enfermidades. Há ainda um pequeno teatro para os pacientes, as piscinas, a longa rua antiga e o pátio com as colunas jônicas, entre outros monumentos que chegaram até nós daqueles tempos esplêndidos.

É incrível a sensação de estar em um local onde a saúde e a ciência estavam tão unidas, uma cidade-hospital que se tornou referência em cuidados e tratamentos no mundo antigo. Ainda me espanta o fato de nós, em tempos modernos, não criarmos espaços de acolhimento e tratamento em meio a natureza, somos tão evoluídos porém nos desconectamos dos processos naturais e isso certamente é um dos fatores que nos adoecem. Só de estar ali, em meio às árvores, flores, fontes, teatro e natureza já nos sentimos revigorados, faço ideia de como era viver, estudar e se tratar ali entre mentes tão incríveis e natureza tão exuberante!

A cidade fica em torno de uma mesa de andesito, de 335 metros de altura, que formava sua acrópole. Esta mesa cai acentuadamente nos lados norte, oeste e leste, mas três terraços naturais no lado sul fornecem uma rota até o topo. A oeste da acrópole, o rio Selinus (atual Bergamaçay) flui pela cidade, enquanto o Cetius (atual Kestelçay) passa para o leste.

Há vestígios de povoamento em Pérgamo desde o período Arcaico, constituídos por achados arqueológicos modestos, em especial fragmentos de cerâmica importados do oeste, particularmente da Grécia Oriental e Corinto, que datam do final do século VIII a.C. Habitações anteriores à idade do bronze não são possíveis de serem mostradas, embora ferramentas de pedra da idade do bronze são encontradas na área circundante. A primeira menção de Pérgamo em fontes literárias vem da Anábase de Xenofonte, desde a marcha dos Dez Mil sob o comando de Xenofonte, terminando em Pérgamo em 400–399 a.C. Xenofonte, que chama a cidade de Pérgamo, entregou o restante de suas tropas gregas (cerca de 5 000 homens, segundo Diodoro) a Tibron, que planejava uma expedição contra os sátrapas persas Tissafernes e Farnabazo, em março de 399 a.C. Neste momento, Pérgamo estava na posse da família Gongyles de Erétria e Xenofonte foi hospedado por sua viúva, Hellas. Em 362 a.C Orontes, sátrapa da Mísia, baseou sua revolta contra o império Persa em Pérgamo, mas foi esmagado. Só com Alexandre, o Grande é que Pérgamo e os seus arredores foram retirados do controle persa. Há poucos vestígios da cidade pré-helenística, já que no período seguinte o terreno foi profundamente alterado e a construção de amplos terraços envolveu a remoção de quase todas as estruturas anteriores. Partes do templo de Atena, bem como as paredes e fundações do altar no santuário de Deméter remontam ao século IV a.C.

Foi apenas sob o império de Trajano e seus sucessores que ocorreu um amplo redesenho e remodelação da cidade, com a construção de uma “nova cidade” romana na base da acrópole. A cidade foi a primeira na província a receber um segundo neocorato, de Trajano em 113/4 d.C. Adriano elevou a cidade ao posto de metrópole em 123 e assim elevou-a acima de seus rivais locais, Éfeso e Esmirna. Um ambicioso programa de construção foi realizado: grandes templos, um estádio, um teatro, um grande fórum e um anfiteatro foram construídos. Além disso, nos limites da cidade está o santuário a Esculápio (o deus da cura) que foi expandido em um spa luxuoso. Este santuário cresceu na fama e foi considerado um dos mais famosos centros terapêuticos e de cura do mundo romano. Em meados do século II, Pérgamo era uma das maiores cidades da província, juntamente com estas duas, e tinha cerca de 200 000 habitantes. Galeno, o médico mais famoso da antiguidade, depois de Hipócrates, nasceu em Pérgamo e recebeu seu treinamento inicial no Asclepion. No início do terceiro século, Caracala concedeu à cidade um terceiro neocorato, mas o declínio já havia se estabelecido. Durante a crise do terceiro século a força econômica de Pérgamo finalmente entrou em colapso, pois a cidade foi seriamente danificada em um terremoto em 262 e foi saqueada pelos Godos pouco tempo depois. Na antiguidade tardia, experimentou uma recuperação econômica limitada.

A estrutura mais famosa da cidade é o altar monumental, que provavelmente foi dedicado a Zeus e Atena. As fundações ainda estão localizadas na Cidade alta, mas os restos do friso de Pérgamo, que originalmente o decorou, estão expostos no Museu de Pérgamo em Berlim, onde as partes do friso levadas para a Alemanha foram instaladas em uma reconstrução parcial.

Para a construção do altar, a área plana necessária foi habilmente criada através de terraços, a fim de permitir que ela fosse orientada em relação ao seu vizinho, o Templo de Atena. A base do altar media em torno de 36 x 33 metros e foi decorado no exterior com uma representação detalhada em alto-relevo da Gigantomaquia, a batalha entre os deuses do Olimpo e os gigantes. O friso tem 2,30 metros de altura e tem um comprimento total de 113 metros, tornando-se o segundo mais longo friso que sobreviveu desde a antiguidade, depois do Friso do Partenon em Atenas. Uma escada de 20 metros de largura cortada na base no lado oeste leva até a estrutura superior, que é cercada por uma colunata, e consiste em um pátio com colunas, separado da escada por uma colunata. As paredes internas dessa colunata tinham mais um friso, descrevendo a vida de Télefo, filho de Héracles e mítico fundador de Pérgamo. Este friso tem cerca de 1,60 metros de altura e, portanto, é claramente menor que o friso externo.

Fundações do Altar de Pérgamo
Fundações do Altar de Pérgamo
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