Mães, heroínas do cotidiano

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Mães, heroínas do cotidiano

Nunca é cedo ou tarde demais para agradecer às nossas mães. Mesmo que hoje esta data seja quase que meramente comercial, nosso sentimento não deveria ser. Em tempos onde temos que manter o distanciamento social e proteger nossa família até que todos estejam vacinados, celebrar o dia das mães parece mesmo um momento apropriado para refletirmos sobre nossas origens. 

Até o mais vil dos seres, o mais humilde e o mais poderoso tiveram mãe. Há algo miraculoso e profundo nesta relação, carregamos as marcas do cuidado maternal e/ou da falta dele até o final de nossa existência. Isso se mostra principalmente na forma como mais tarde nos tornamos mães ou pais. Ficamos tão mal acostumados a culpar nossa “mãe” por tantos traumas, recalques e problemas psicológicos desde Freud, que passamos a considerar normal e aceitável que a “mãe” seja sempre penalizada. Esquecendo talvez do mais importante, sem nossas mães não estaríamos nem aqui… 

Compreendo que muitas famílias não estão integradas, que nem sempre podemos contar com seu apoio nos momentos mais difíceis, às vezes por omissão, outras vezes pela simples ausência. Porém, assim que nos tornamos adultos, podemos escolher entre reproduzir os relacionamentos que tivemos ou mudar completamente nossas atitudes para evoluir no sentido do amor e cuidado. Na maior parte das vezes, quando nasce um bebê, nasce uma mãe e um pai juntos, assim fomos programados em nosso dna para cuidar e proteger nossa cria. Mas há exceções: pais e/ou mães que não estão maduros para sair de sua zona de egoísmo e nunca colocam a vida de seus filhos como prioridade. Não é preciso ir muito longe para observarmos filhos que são abandonados em suas próprias casas, lares que se desintegram onde crianças passam a ser usadas na manipulação cotidiana de visitas, pensões e participações na criação das crianças…

No meu caso, fui muito abençoada por ter uma mãe biológica e outra espiritual. Vilma, minha mãe original, foi uma mulher incrível, muito independente e culta. Ela não está mais neste plano, partiu após longos anos de sofrimento com Mal de Alzheimer. Porém, enquanto lúcida, foi uma mãe e avó dedicada, apoiou meus estudos, meu trabalho e ajudou muuuuito na criação de minha filha Mirela. Seu alto astral e seus dotes culinários ainda hoje são lembrados e nos trazem muitas lembranças deliciosas; sua maravilhosa feijoada, bolos, doces e sorvetes exageradamente confeitados para agradar a neta formiga…

Dona Heloisa Nardi, hoje com 92 anos, é minha mãe do coração. Veio justamente quando eu estava grávida e foi uma bênção sem fim em minha vida. Além de nosso amor instantâneo, foi maravilhoso ter duas mães com características tão diferentes e complementares. Vilma era racional, direta e prática. Dona Heloisa era espiritual, aventureira, artista e sonhadora.

Foi muita sorte a minha ter sido acolhida em dois universos tão distintos. Talvez por ter combinado qualidades tão diferentes, hoje posso ser para minha filha Mirela a “mãe” que sempre sonhei em ser – nutrimos uma relação de amor, parceria e admiração mútua que não se diminui ou se desgasta com o tempo ou a distância. Estamos unidas e participamos intensamente de todas as conquistas e desafios da vida. Sem dúvida, os modelos que tive tornaram isso possível, sou imensamente grata a ambas. Uma me trouxe ao mundo e a outra me levou pela mão para a espiritualidade. São as duas asas, que juntas me permitiram voar.

Deixo aqui meu eterno agradecimento a essas duas mulheres especiais, minha heroínas, mestras, inspiração e modelos. Sem elas, minha vida teria sido um deserto, sem luz nem flor e principalmente sem sentido. Mesmo que eu reunisse todos os presentes do mundo, eles não seriam o suficiente para expressar meu amor. Fiz uma singela homenagem a elas em meu “Jardim dos Amados” – para minha mãe Vilma, plantei um Ipê Amarelo e para Dona Heloisa, um Jasmim do Cabo. Assim elas poderão estar sempre presentes e florescendo em minha vida!

Que muitas bênçãos as alcancem, hoje e sempre!

Mãos em prece.

Regina Proença

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